Paralisação de ônibus em Campo Grande expõe atraso de R$ 9 milhões e pressiona criação de fundo
Ônibus do transporte público de Campo Grande não circularam entre 5h e 6h30 A paralisação no transporte coletivo de Campo Grande, nesta quarta-feira (22), ...

Ônibus do transporte público de Campo Grande não circularam entre 5h e 6h30 A paralisação no transporte coletivo de Campo Grande, nesta quarta-feira (22), devido ao atraso no adiantamento salarial dos motoristas, expôs um impasse financeiro de R$ 9 milhões entre a prefeitura e o Consórcio Guaicurus. Diante da crise, a Câmara Municipal foi pressionada a criar um fundo específico para garantir os repasses e evitar novas greves. Segundo apuração do g1, cerca de R$ 6 milhões em repasses do Governo do Estado estão retidos porque precisam passar pela Prefeitura de Campo Grande antes de serem destinados ao Consórcio Guaicurus. ✅ Clique aqui para seguir o canal do g1 MS no WhatsApp Entretanto, como a prefeitura tem certidões fiscais negativas, o valor não foi repassado. Os outros R$ 3 milhões são de verbas municipais. Todo o montante travado é relacionado às gratuidades no transporte público. Com a criação do fundo, a verba poderá ser transferida diretamente ao consórcio, sem a necessidade de intermediação da prefeitura. A proposta também prevê reunir recursos de diversas fontes, como multas de trânsito e parquímetros, para investir no transporte coletivo. 🚏 O serviço de transporte coletivo ficou suspenso por cerca de 1h30, entre 5h e 6h30. O motivo, segundo o Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Coletivo e Urbano, foi o não pagamento do adiantamento salarial pelo Consórcio Guaicurus, que alega falta de repasse da prefeitura. Crise reacende debate sobre financiamento do transporte público A crise reacendeu o debate sobre a necessidade de previsibilidade no financiamento do transporte público. O presidente da Câmara, o vereador Papy (PSDB), afirmou que o projeto do fundo será apresentado ainda esta semana. A medida tem como base estudos realizados desde o fim da CPI do Transporte Coletivo. “O fundo cria um mecanismo em que os recursos chegam diretamente ao destino, sem atrasos ou desvios, garantindo mais segurança para quem depende do transporte público”, disse Papy. Entenda a proposta do fundo de mobilidade O Fundo Municipal de Mobilidade e Trânsito pretende reunir diversas fontes de receita, como parte das multas de trânsito, recursos de parquímetros e possíveis receitas ambientais. A ideia é que esses valores sejam utilizados exclusivamente para manter e modernizar o sistema de transporte coletivo, como pagamento de gratuidades, melhorias em terminais, corredores de ônibus e sinalização. Segundo os vereadores, o fundo também permitiria que recursos do Governo do Estado fossem repassados diretamente ao consórcio, sem precisar passar pela prefeitura. Atualmente, esse trâmite depende de a administração municipal estar com a documentação fiscal regular — o que não ocorreu, segundo o Estado. “Há cerca de quatro meses o município está inadimplente com esse convênio por falta de certidões, o que travou o repasse de R$ 6 milhões que seriam destinados ao pagamento das gratuidades para estudantes da rede estadual”, explicou o presidente da CPI do Transporte, vereador Lívio Leite. Efeitos na rotina da população A paralisação pegou de surpresa os usuários do transporte coletivo. “Foi um transtorno. Fiquei sabendo só quando me arrumei para sair de casa”, disse Elza Ferreira, que trabalha com serviços gerais. Muitos passageiros, sem opção, recorreram a aplicativos de transporte, onde os preços dispararam. Viagens que costumam custar R$ 40 chegaram a mais de R$ 90, segundo relatos recebidos pelo g1. Reações O Consórcio Guaicurus, responsável pelo transporte coletivo em Campo Grande, disse em nota que enfrenta “severas restrições financeiras”, agravadas pelo não repasse de R$ 9 milhões em negociação com o poder público. A empresa alega que a situação é resultado de desequilíbrio estrutural, defasagem tarifária e fim das linhas de crédito. A prefeitura se manifestou apenas por nota, dizendo que houve “paralisação parcial” e que o serviço foi normalizado antes das 7h. Sobre o impasse financeiro, informou que mantém diálogo com o consórcio para apurar as causas e adotar medidas para evitar novas interrupções. Próximos passos Os vereadores também pediram uma reunião emergencial com a prefeita Adriane Lopes (PP), representantes do consórcio e do sindicato dos motoristas. O objetivo é construir uma solução rápida para evitar uma nova paralisação, já que o sindicato convocou assembleia para o dia 27 de outubro e ameaça suspender o serviço por 72 horas. “O transporte é essencial. A Câmara está tentando mediar uma saída, mas é preciso que o Executivo se mova com mais agilidade”, disse Papy. O projeto de lei do fundo deve ser protocolado nesta quinta-feira (23), em ação coletiva da Câmara Municipal. Os parlamentares esperam que o Executivo apoie a iniciativa para que a medida entre em vigor quanto antes. Motoristas paralisaram atividades por atraso em pagamento no salário. Bruno Batista/TV Morena Veja vídeos de Mato Grosso do Sul: